sexta-feira, 16 de julho de 2010

Reflexão final

Partimos da definição do conceito-chave de nativo digital (Prensky, 2001). Em meu entender, este conceito constituiu-se como o centro nevrálgico da actividade de reflexão da disciplina. A tecnologia é uma extensão do corpo e da mente dos nativos digitais (telemóvel). Utilizam a tecnologia para comunicar de forma assíncrona, mas sobretudo síncrona (email, im, chat), para partilhar sentimentos, emoções e detalhes da vida íntima (blogs) e também informação – Moblogging ("Partilhar conhecimento é poder"), para comprar e vender (ebay),para trocar e coleccionar(canções, filmes, Websites), para criar, revelando uma apetência enorme para a criação (avatares, mundos inteiros), para se encontrarem e marcarem encontros (marca social desta geração), socializando-se (chats), para pesquisar (sendo o maior uso da internet após o email),para programar, para jogar, para explorar, transgredindo.
Estão habituados a receber informação rapidamente; gostam de multi-tarefas e processos paralelos (inteligência paralela); preferem os gráficos aos textos; optam pelo hipertexto; trabalham melhor em rede; desenvolvem-se com gratificações e prémios frequentes. Preferem os jogos ao trabalho "sério". Os cérebros deles podem ser já diferentes.
A actividade do glossário permitiu a familiarização com termos que nos são úteis para a apropriação da linguagem e formas de pensamento do nativo digital, como add friend ou cyberbullying.
É para este estudante que têm de ser redesenhados os ambientes de aprendizagem, de molde a conciliar o ensino tradicional com as novas tecnologias, até porque a identidade destes nativos se constrói preferencialmente no espaço dos novos media.
A construção da identidade é a tarefa mais importante da adolescência, de acordo com a teoria psicossocial de Erikson. Significa definir quem a pessoa é, quais são os seus valores e quais as direcções que deseja seguir pela vida. Actualmente, observa-se este processo nos blogues e nas páginas pessoais dos jovens. Os jovens usam estes meios como um fórum para expressar, socializar e também para confidenciar intimidades (partilhando informação pessoal e emoções) e têm sentimentos fortes de mestria que lhes permite ficar orgulhosos com a criação e/ou sensação de deixar uma marca pessoal na www. A linguagem emergente – netspeak – mostra como os jovens estão a afirmar a sua identidade na rede.
Mas os blogs estão a ser ultrapassados pelas redes sociais e pelo telemóvel, formas mais rápidas de comunicar. Os perfis, os amigos e os comentários, são as características que mais diferenciam as redes sociais das outras formas de comunicação mediada por computador: os amigos estão publicamente interligados, os perfis são publicamente observáveis e os comentários são visíveis a todos. Este ponto é essencial para a construção da identidade que se desenvolve em grande parte através das interacções com os outros. O adolescente tem de gerir as impressões e as opiniões dos outros de forma a se inserir num determinado contexto social.
As entrevistas que realizámos confirmaram esta predilecção dos jovens pelas redes sociais e telemóvel em detrimento dos blogs. Novos métodos de ensino-aprendizagem têm de ser repensados com recurso ao telemóvel e aos chats. A maioria dos professores como imigrantes digitais que são olha com desconfiança para estas novas tecnologias. Será necessário quase que uma revolução coperniciana para que se possam extrair as vantagens do uso, por exemplo, do telemóvel em contexto educativo. Talvez a esperança resida no facto de a nova geração de professores, também eles nativos digitais, traga à escola a mudança para um novo paradigma, que integre naturalmente os medias no âmbito da actividade lectiva.
A actividade que mais gostei foi a análise das entrevistas, porque pude cruzar a informação recolhida na bibliografia com as respostas dos jovens. Assim, por exemplo, tal como D. Boyde demonstrou, a audiência primária dos jovens nas redes sociais é constituída por amigos e/ou colegas de escola e actividades, alastrando-se progressivamente até indivíduos que não conhecem pessoalmente.
Os aspectos mais positivos da disciplina foram os conhecimentos adquiridos, a metodologia seguida nos trabalhos e os debates nos fóruns. Ainda que o meu público alvo não seja constituído por adolescentes, aprendi muito sobre o nativo digital, processo de construção de identidade e medias digitais, conhecimentos estes que me são úteis para os jovens adultos, também eles maioritariamente nativos e cuja construção de identidade se faz ao longo da vida, embora com maior impacto na adolescência.
As dificuldades foram pontuais e facilmente ultrapassáveis, como por exemplo, a linguagem de alguns textos. A principal foi a construção do guião em fórum de turma. Mas aqui a professora Maria João teve uma intervenção decisiva que permitiu chegar a um consenso.
No geral, a disciplina foi muito interessante pelos assuntos abordados e perspectivas apontadas, dinâmica pelas interacções que se verificaram no seio dos trabalhos de grupo e mais tarde nos fóruns, construtiva pelo espaço de reflexão e partilha que proporcionou. Concluo com um agradecimento especial ao meu grupo pela boa disposição, cordialidade e responsabilidade que todos manifestaram.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Glossário

A actividade do glossário que envolveu o grupo turma teve por objectivo"Definir conceitos e termos usados na cultura digital". Coube-me os seguintes termos:

Copyright – é o conjunto de direitos exclusivos atribuídos ao autor ou criador de um trabalho original, incluindo o direito à cópia, distribuição e adaptação do trabalho. Estes direitos podem ser licenciados, transferidos e/ou atribuídos. O copyright tem a duração de um determinado período de tempo, após o trabalho entrar no chamado domínio público.
Algumas jurisdições também reconhecem os direitos morais do criador de um trabalho, tais como o direito de serem reconhecidos pelo trabalho.
Foi internacionalmente estandardizado que o copyright dura de entre 50 a 100 anos desde a morte do autor, ou um período mais curto no caso de um autor anónimo.
Geralmente o copyright é considerado um assunto do direito civil, embora algumas jurisdições apliquem sanções criminais.

Civic engagement online
Civic engagement – Pode tomar diversa formas, desde o voluntariado individual a envolvimentos organizacionais e participações eleitorais. Pode incluir esforços para lidar directamente com um problema, trabalhar com outros numa comunidade para resolver um caso ou interagir com as instituições da democracia representativa.
Outra forma de descrever este conceito é o sentido de responsabilidade que os indivíduos deveriam ter de forma a cumprir com as suas obrigações enquanto parte de qualquer comunidade.
Civic engagement online – são formas de participação política e cívica ancoradas em blogs e sites de redes sociais ou outros meios que a internet propicia, como por exemplo a assinatura de uma petição por correio electrónico.

terça-feira, 22 de junho de 2010

http://www.microsoft.com/portugal/protect/family/activities/social.mspx

Achei esta página oportuna sobre como ajudar os filhos na utilização que fazem dos sites de redes sociais.

Comentário à Actividade 4

O trabalho repartiu-se por duas fases. Numa primeira fase elaborámos em fórum de turma e, numa wiki construída para o efeito, o guião que serviu de base para as entrevistas. Esta etapa revelou a natural dispersão de uma actividade de brainstorming. O meu grupo sugeriu os seguintes sub-temas para organizar as questões: perfil do entrevistado; conhecimento dos media; formas de participação dos media (tipos e frequência); Eu e os media (o meu perfil nos media); Eu e os amigos nos media (redes); relações entre os media e família (pais).
Numa segunda fase, no seio do grupo rock – eu, Alcino, Áurea e Nuno – ,verificámos quem tinha condições para realizar as entrevistas. Eu fiquei de fora porque o meu público é constituído por adultos. Considerámos que seria interessante apresentar uma amostra com jovens de diferentes idades, sexo, estratos sociais e regiões. Assim, o Alcino escolheu um entrevistado de 17 anos de classe de fracos recursos, que vive em Viana do Castelo e frequenta o 12º ano; a Áurea uma jovem de 13 anos de classe média de Ovar, que frequenta o 7ºano se escolaridade e o Nuno um jovem de 16 anos de Angra do Heroísmo, de classe baixa, com o 6º ano de escolaridade, que de momento não estuda. A minha intervenção situou-se na análise das entrevistas e nas conclusões, num gogledocs, onde todos colaborámos activamente. No final, decidimos apresentar o trabalho num site.
Numa última etapa, tivemos a oportunidade de ler os trabalhos dos colegas. Como sempre, foi um momento de muito interesse e enriquecimento, pois tivemos a hipótese de cruzar dados obtidos e constatar que as conclusões a que chegámos não se afastam muito das dos outros grupos. Assim, por exemplo, os jovens utilizam as redes para comunicar, socializarem-se, sendo os amigos um forte critério para a permanência online. Os mais novos têm uma audiência primária constituída por pares, amigos da escola e/ou actividades, ao passo que os mais velhos têm uma comunidade online que ultrapassa em muito a offline, nem sempre conhecendo todos. Estes dados estão de acordo com o que D. Boyde demonstrou no seu estudo. Quanto a segurança na internet, embora nem todos tenham conhecimentos consistentes denotam algum cuidado. No entanto, os jovens de classe baixa estão mais desprotegidos revelando baixa literacia crítica digital. Parece haver uma correlação entre segurança e classes sociais. O dado que obteve maior consenso diz respeito à falta de controlo dos pais. Todos os grupos foram unânimes neste ponto, o que não deixa de ser preocupante e demonstre que ainda há muito a fazer no sentido de sensibilizar os pais para um melhor acompanhamento dos filhos.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Actividade 4

Utilização social dos media digitais: a perspectiva dos jovens

Entrevista a jovens sobre a utilização social dos media digitais

Objectivo: Identificar as marcas identitárias da adolescência em sites sociais de jovens.

Competências: Analisar e interpretar a perspectiva juvenil acerca da utilização social dos media digitais.

O nosso trabalho - Grupo Rock:http://paulopes.com/MDSjovensMedia.htm

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Comentário à Actividade 3

A actividade 3 consistia na leitura e síntese das ideias principais de diversos textos distribuídos por grupos de alunos, com o objectivo de reconhecer a influência dos media digitais na construção da identidade social dos jovens. O texto do nosso grupo (Alcino, Áurea, Nuno e eu) foi: “Porque é que os jovens adoram os sites de rede social: o papel das redes públicas na vida social dos adolescentes” de Danah Boyde (2008). A principal dificuldade residiu na leitura, tradução e desmontagem do texto para efectuar a síntese de acordo com os tópicos: apresentação do estudo; objectivos do mesmo; principais resultados e principais conclusões. Mas, com a ajuda de todos fomos elaborando o documento colaborativamente num googledoc. No final, o Nuno teve a brilhante ideia de fazer a apresentação num site construído para o efeito, com algumas hiperligações, nomeadamente para a autora do estudo. Os perfis, os amigos e os comentários, são as características que mais diferenciam as redes sociais das outras formas de comunicação mediada por computador: os amigos estão publicamente interligados, os perfis são publicamente observáveis e os comentários são visíveis a todos. A principal conclusão deste capítulo prende-se com a atitude dos adultos que ao invés de limitar o acesso dos jovens a estas redes deveriam aprender com eles para melhor os poder guiar no seio de um conceito de público mediatizado com características (persistência, busca, possibilidade de réplica, audiências invisíveis) radicalmente diferentes das do público offline
Na segunda parte da actividade tivemos a oportunidade de ler as sínteses efectuadas pelos colegas e discutir de forma dinâmica textos muito interessantes e complementares da temática em foco. Assim destaco a síntese do grupo2 “Producing sites, exploring identities. Youth authorship” de Stern (2008) que apresenta muitos pontos de contacto com o texto por nós trabalhado. Tal como nos sites de redes sociais, os jovens escrevem nos blogs com o intuito de “validação social” ou seja, serem reconhecidos e aceites socialmente pela sua audiência. Este ponto é essencial para a construção da identidade que se desenvolve em grande parte através das interacções com os outros. O adolescente tem de gerir as impressões e as opiniões dos outros de forma a se inserir num determinado contexto social.
Outro texto que me despertou a atenção foi “Identidade móvel: juventude, identidade e meios de comunicação móvel” de Stald (2008). Extensão do corpo do jovem, o telemóvel é importante para o estabelecimento da rede social, para o reforço do grupo e da sua identidade e consequentemente para a construção da identidade individual. O lugar que ocupa na vida dos jovens levam-nos imediatamente a reflectir nas suas potencialidades enquanto instrumento a ser usado na sala de aula, não sem antes se combater o preconceito, desconfiança e ódio associados a este meio de comunicação.
Vivemos hoje uma época de mudanças em que é necessário aprender com os nativos digitais. O texto "Whispers in the Classroom" de Yardi (2008) apresenta uma proposta atraente de utilização de uma sala de chat para apoio a alunos. São mais as vantagens que as desvantagens enunciadas. O backchannel serve “para transformar as experiências de sala de aula, que passam a ser activas, colaborativas e a produzirem um conhecimento comprometido. Ajuda a desenvolver um sentido de comunidade através das interacções sociais entre os estudantes. Dá a oportunidade aos alunos mais tímidos e inibidos de se expressarem”.
Finalmente, destaco um último texto “Mixing the Digital, Social, and Cultural: Learning, Identity, and Agency in Youth Participation”, de Shelley Goldman, Angela Booker e Meghan McDermott, que mostra como os medias podem constituir um poderoso factor de inclusão social, de promoção de valores cívicos e do desenvolvimento pretendido da literacia crítica. Tudo isto em prol de uma identidade social bem construída.
Esta actividade revelou-se muito rica pela diversidade de textos trabalhados que contribuíram para compreender como os media podem ter um papel activo na construção social da identidade nos jovens.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Jovens, telemóveis e escola

http://eft.educom.pt/index.php/eft/article/view/148/85

"O objectivo central deste estudo de caso consiste em equacionar propostas de utilizações educativas, com base nas funcionalidades que os jovens já utilizam, passíveis de ser implementadas com os seus próprios telemóveis e sem acréscimo de custo pelas utilizações a efectuar."
Achei interessante este artigo dada a polémica que se instaurou nas escolas sobre o uso do telemóvel em contexto educativo.

Porque é que os jovens adoram os sites de redes sociais

http://www.paulopes.com/MDS1.htm

O nosso trabalho!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Notícia

http://www.ionline.pt/conteudo/57010-jovens-utilizam-escrita-secreta-no-facebook-despistar-adultos

Mais uma notícia sobre a linguagem emergente nas redes. Os jovens utilizam formas secretas de comunicar para não sofrerem represálias por parte dos adultos.

sábado, 24 de abril de 2010

Comentário à Actividade 2

A actividade 2, que consistiu inicialmente na leitura individual de textos disponibilizados sobre “o processo de construção da identidade na adolescência”, revelou-se interessante, mas com as dificuldades inerentes à situação de isolamento intelectual que a leitura individual acarreta. A segunda parte de discussão em fórum foi sem dúvida o ponto alto da actividade e nela pude confirmar, aferir e/ou rever as minhas notas pessoais das leituras efectuadas.
Assim, aprendi com Erikson (1972) que construir uma identidade implica definir quem a pessoa é, quais são os seus valores e quais as direcções que deseja seguir pela vida.
Marcia (1966) apresenta duas dimensões essenciais na formação de qualquer identidade pelo adolescente - uma crise ou exploração e um comprometimento ou compromisso - e define 4 estados de identidade: execução, moratória, difusão e construção.
Os blogs e as homepages têm um lugar na formação da identidade dos jovens. Os jovens usam as páginas como um fórum para expressar, socializar e também para confidenciar intimidades (partilhando informação pessoal e sentimentos) e têm sentimentos fortes de mestria que lhes permite ficar orgulhosos com a criação e/ou sensação de deixar uma marca pessoal na www. A natureza do meio oferece-lhes a possibilidade de expressar quem eles são de uma maneira que pode ser mais confortável que contar às pessoas cara a cara.
A linguagem utilizada na internet, “Netspeak”, é um discurso emergente cuja forma é dada pela criatividade das comunidades que a usam. Para tornar a comunicação na internet mais rápida e expressiva os jovens utilizam abreviaturas, neologismos e acrónimos, assim como ícones gráficos que representam emoções. Esta é a prova viva de que os jovens se estão a afirmar na rede. Por outro lado, nota-se nesta geração que a tradicional polaridade masculino/feminino está a ser diluída por um discurso marcadamente andrógeno.
Mas os blogs, nos jovens, estão a ser ultrapassados por formas mais imediatas, curtas e rápidas de comunicação, como o facebook ou mesmo o telemóvel.
De qualquer forma, creio que associado à adolescência está sempre um diário real ou virtual, para desabafo das angústias, inquietações, partilha das alegrias, afirmação da sexualidade. Os blogs desempenham neste aspecto uma função exemplar, permitindo também a ligação a outros blogs, formando assim uma comunidade social online que dá oportunidades aos jovens de interagir com pessoas diferentes dos seus amigos e onde se podem apoiar mutuamente nas aprendizagens que vão realizando.

sábado, 10 de abril de 2010

Torga em linguagem SMS



O "netspeak", ou linguagem de rede, utiliza muitas abreviaturas, acrónimos e está marcada pela criatividade das comunidades online. Cabe aos professores alertarem os alunos para o uso da língua nos seus diferentes contextos.

domingo, 4 de abril de 2010

A construção de páginas pessoais como expressão do desenvolvimento social

Como a função central das homepages é a apresentação pessoal, ela promove a sistemática resposta à questão crítica da identidade: Quem sou eu?
Mestria - Criar uma página pessoal ou blog está relacionado com sentimentos positivos de mestria ou competência (orgulhosos das suas habilidades). Adicionalmente, os jovens sentem que poderiam aprender a usar novas tecnologias.
Identidade- A maioria dos jovens que criaram homepages sentem que estas páginas “ajudam os outros a compreender quem eles são”.
Globalmente, os jovens estão a usar as homepage e os blogs como uma forma única de expressão para veicularem informação sobre eles a outros – esta função está relacionada com a fase moratória e de construção da identidade.
Comunidades sociais.- Jovens que criam websites têm mais amigos do que aqueles que não criam. Têm uma comunidade social online que lhes dá oportunidades para interagir com pessoas diferentes dos outros amigos. Estas comunidades online podem oferecer oportunidades importantes para a formação da identidade, ao darem hipóteses aos jovens de interagir online com indivíduos que são diferentes do seu dia-a-dia, representando com eles diferentes papéis.

Em termos da formação da identidade, as crianças variam no tipo de informação fornecida. Os pré-adolescentes mencionam frequentemente aquilo em que são bons, enquanto os adolescentes expressam mais acerca das suas personalidades, valores, amigos e famílias.
As páginas pessoais, tal como os blogs e sites de redes sociais dão-nos uma oportunidade única de acesso a uma quantidade de expressões pessoais dos jovens, alguma coisa a que não teríamos acesso de outra maneira.
As páginas pessoais têm um lugar na formação da identidade dos jovens. Usam as páginas como um fórum para expressar, socializar e também para confidenciar intimidades (partilhando informação pessoal e sentimentos).
Com a idade as páginas melhoram em complexidade (p.e.weblinks) e expressão (texto longo) – pensamento abstracto.
Os jovens parecem beneficiar do processo de criação de páginas pessoais. Eles sentem que realizaram algo que têm de mostrar:um tributo pessoal, uma marca na WWW. Este estudo também demonstrou algumas diferenças de género no funcionamento das páginas pessoais. As raparigas parecem usar as homepages para expressar informação acerca de si próprias e sentimentos em relação a outros, enquanto os rapazes são mais de fazer amigos online e de experimentar com eles diferentes identidades online.
Em suma, a criação de homepages parece positivamente relacionada com a formação de identidade. As crianças que criam páginas pessoais têm sentimentos fortes de mestria e usam as páginas pessoais para expressar aos outros quem são. A natureza do meio oferece-lhes a possibilidade de expressar quem eles são de uma maneira que pode ser mais confortável que contar às pessoas cara a cara.
Dayanim, Shoshana, Schmitt, Kelly L.,(2008) Personal Homepage Constructio as an Expression of Social Development

sábado, 3 de abril de 2010

Género, identidade e linguagem usada nos blogs de adolescentes

As características dos blogs- 1) fáceis de usar;2) formas de arquivar informação e conhecimento; 3) oportunidades para outros comentarem ou fornecer feed-back por cada post; 4) links para outros bloggeres para formar comunidades online- são importantes para a construção da identidade online. Os blogs representam um novo meio para a comunicação mediada por computador e podem oferecer conhecimento sobre as formas como os adolescentes se apresentam online, especialmente em termos da expressão pessoal e relações com os grupos pares, ambas com impacto na construção da identidade.
A apresentação dos adolescentes online mostra que os blogs são uma extensão do mundo real, mais do que um sítio onde as pessoas gostam de fingir. Os adolescentes revelam muita informação pessoal nos seus blogs. Incluem o primeiro e último nomes, idade, localidade. A maioria discute coisas que têm impacto ou influência no mundo real, tais como relações e juntam a identidade do mundo real a estas discussões. No caso da localidade os rapazes dão mais informação que as raparigas.
Os adolescentes também fornecem diversas formas para os outros os contactarem online: email, im, username, ou um link para uma página pessoal. As raparigas fazem link para as páginas pessoais mais do que os rapazes.
Quanto às emoções, os rapazes colocam mais emoções que as raparigas.
Metade dos bloggers discute a identidade sexual e relações amorosas, amigos/amigas, ou fins de relação. O género dos que discutem homossexualidade é esmagadoramente masculino. Os adolescentes procuram uma continuidade das representações de quem são assim como uma confirmação por parte dos seus pares.
Enquanto os rapazes podem usar uma linguagem mais activa e resoluta, as raparigas não usam necessariamente uma linguagem passiva – princípio da androgenia.

A Internet forneceu um novo contexto para a exploração da identidade, como um lugar para explorar um conjunto de relações flexíveis e potencialmente anónimas. A linguagem na internet representa um novo tipo de discurso que está marcado pela criatividade e inovação das comunidades. Este discurso emergente pode depois ser usado para expressar as identidades dos adolescentes.
Os weblogs representam um ambiente de comunicação mediada por computador onde ambos identidade e linguagem têm papéis importantes. Não só os adolescentes usam os weblogs para apresentarem uma identidade online, mas tb para expressarem as suas ideias, experiências e sentimentos usando uma linguagem adaptada. Entre estas explorações surgem questões como aprender acerca da sua sexualidade, que ocorrem frequentemente durante os anos da adolescência. Em alguns casos estes blogs ligam-se formando comunidades online, semelhantes às relações de pares observadas no mundo offline.
Curiosamente, os blogs criados por jovens masculinos e femininos são mais parecidos do que diferentes. Talvez a facilidade técnica diminua as diferenças ou esta geração de utentes se esteja a tornar mais andrógena na comunicação online e interacção.
Huffaker,David A. , Calvert, Sandra L. (2005) Gender, Identity, and Language in Teenage Blogs

sexta-feira, 2 de abril de 2010


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A adolescência começa com alterações corporais. Os jovens vão-se confrontando com mudanças no seu corpo que geram "crises" de identidade.

A construção da identidade em adolescentes: um estudo exploratório

De acordo com a teoria psicossocial de Erikson, a tarefa mais importante da adolescência é a construção da identidade.
Construir uma identidade, para Erikson (1972), implica definir quem a pessoa é, quais são os seus valores e quais as direcções que deseja seguir pela vida. O autor entende que identidade é uma concepção de si mesmo, composta de valores, crenças e metas com os quais o indivíduo está solidamente comprometido.
A formação da identidade recebe a influência de factores intrapessoais (as capacidades inatas do indivíduo e as características adquiridas da personalidade), de factores interpessoais (identificações com outras pessoas) e de factores culturais (valores sociais a que uma pessoa está exposta, tanto globais como comunitários).
Esse sentimento de ter uma identidade pessoal dá-se de duas formas: a primeira é perceber-se como sendo o mesmo e contínuo no espaço e no tempo; e a segunda é perceber que os outros reconhecem essa semelhança e continuidade.
Marcia(1966) apresenta duas dimensões essenciais na formação de qualquer identidade pelo adolescente: uma crise ou exploração e um comprometimento ou compromisso.
Por crise ou exploração, Marcia entende o período de tomada de decisão, quando antigos valores e antigas escolhas são reexaminados, podendo ser repentinamente ou gradualmente.
Na segunda dimensão, comprometimento ou compromisso, Marcia supõe que o indivíduo tenha realizado uma escolha relativamente firme, servindo como base ou guia para a sua acção. O resultado desejado da exploração é o comprometimento com algum papel específico, alguma determinada ideologia. O comprometimento é medido pelo grau de investimento pessoal que o indivíduo expressa. Os compromissos correspondem às questões que o indivíduo mais valoriza e com as quais mais se preocupa, reflectindo o sentimento de identidade pessoal.

Kimmel e Weiner (1998) resumem os compromissos em três atitudes: atitudes ideológicas (valores e crenças que guiam as acções) atitudes ocupacionais (objectivos educativos e profissionais) e atitudes interpessoais (orientação de género que influencia as amizades e relacionamentos amorosos).
Para Marcia existem 4 estados de identidade: execução, moratória, difusão e construção.
No estado de execução, o adolescente persegue metas ideológicas e profissionais eleitas por outros (pais, figuras de autoridade…). Não experimenta uma crise de identidade. Pode ser o estado inicial do processo de formação da identidade adulta, partindo dos valores infantis.
No estado da moratória, os comprometimentos são adiados e o adolescente debate-se com temas profissionais ou ideológicos. Está passando por uma crise de identidade e não definiu as suas escolhas.
No estado de Construção de identidade, o jovem faz as suas escolhas e persegue metas profissionais ou ideológicas. Atravessou a crise e chegou ao comprometimento.
No estado de Difusão de identidade, o adolescente não está no meio de uma crise, embora possa ter havido uma no passado, e não chegou a nenhum comprometimento.
Marcia considerou os estados da moratória e construção da identidade os mais elevados no processo de desenvolvimento da identidade pessoal, pois estes podem ser considerados autoconstruídos.
Aznar-Farias, Maria, Ferreira de Mattos Silvares, Edwiges,Schoen-Ferreira, Teresa Helena A construção da identidade em adolescentes: um estudo exploratório.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Comentário à Actividade 1

A actividade com o grupo Branco, constituído pelo Alcino, Áurea, Nuno e por mim, decorreu de forma dinâmica e simpática, gerando-se um bom clima de trabalho que contribuiu muito para o êxito do produto final- power-point. Discutimos o conceito de estudante nativo digital e demarcámo-lo do imigrante digital. Aprendi a distinguir as principais características do estudante digital, cujo perfil está patente no trabalho apresentado e nas sínteses abaixo realizadas. No fórum foram colocadas duas questões muito pertinentes:
Sabendo nós da inevitável alteração do perfil das crianças/jovens enquanto estudantes/cidadãos, que desafios se colocam a quem tem a tarefa de os instruir/formar?
Praticamente foi unânime que o principal desafio consiste em não temer a mudança e aprender com o nativo digital, o seu estilo de aprendizagem e a sua linguagem. Assim cabe ao professor descobrir novas metodologias, formas de ensinar que aliem as bases do curriculum tradicional (ler, escrever e contar) com o conteúdo novo, digital e tecnológico. Significa isso redesenhar ambientes de aprendizagem integrando as TIC, que ajudem o jovem a construir o seu conhecimento de forma essencialmente colaborativa. Houve quem referisse não ter receio, por exemplo, de usar ferramentas do dia-a-dia como o telemóvel ou recorrer ao jogo como estratégia de aprendizagem.
A segunda questão: Estarão melhor preparados para o futuro, do que as gerações que se encontram activas profissionalmente, mas que não nasceram no contexto tecnológico que se assiste nos dias de hoje? Se sim, em que aspectos?
Não foi consensual, mas a maioria julga que estão melhor preparados, uma vez que nasceram já numa época tecnológica e apresentam boas capacidades de adaptação a situações novas, sociabilidade e vontade de agarrar desafios. Houve quem considerasse, no entanto, que outros factores terão de ser tomados em linha de conta, tais como a inteligência emocional, a adaptação e o contexto sócio-económico para dar uma resposta eficaz.
O debate foi intenso e interessante no esgrimir de pontos de vista e na apresentação de recursos adicionais, como vídeos e artigos.
Refreei o meu optimismo inicial no que diz respeito a este assunto, porque são muitos os desafios que se colocam ao professor e o principal é ele tornar-se agente de mudança, capaz de ajudar o aluno numa utilização reflectida e eficaz das novas tecnologias.

terça-feira, 16 de março de 2010

Homo zapiens



O termo é do professor e psicólogo Wim Veen que focaliza a atenção nos diferentes padrões de pensamento e formas de processar informação desta nova geração digital. Preferem o pensamento não linear, processam informação descontínua, dão preferência aos ícones visuais, executam várias tarefas em simultâneo, preferem o trabalho colaborativo em rede.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Nativos digitais - um desafio para a educação




Vídeo interessante sobre os desafios que se colocam à nossa escola com a chegada dos nativos digitais: necessidade de integrar as tecnologias que eles usam diariamente, mas, sobretudo, necessidade de mudar de paradigma de educação, mais voltada para a identificação de competências, para o futuro e não para o passado.

domingo, 14 de março de 2010

Imigrantes digitais/nativos digitais


O nativo digital cresceu num ambiente rodeado de tecnologia, ao passo que o imigrante digital tem de pedir ajuda ao jovem para resolver problemas informáticos. Os trabalhos de casa do estudante estão mais de acordo com os padrões de pensamento do imigrante digital.

sábado, 13 de março de 2010

Perfil do estudante digital

  1. Estão habituados a receber informação rapidamente;
  2. Gostam de multi-tarefas e processos paralelos;
  3. Preferem os gráficos aos textos;
  4. Preferem o hipertexto;
  5. Trabalham melhor em rede;
  6. Reagem com gratificações e prémios frequentes;
  7. Preferem os jogos ao trabalho "sério";
  8. Os cérebros deles( padrões de pensamento)podem já ser diferentes.

Prensky, 2001, Digital Natives, Digital Immigrants

Características dos nativos digitais (Prensky, 2004)

Encaram a tecnologia como uma extensão do seu próprio corpo (sucessivo teclar do telemóvel).
Utilizam a tecnologia para:
  • comunicar de forma assíncrona (email), mas sobretudo síncrona (im, chat); inventaram uma linguagem rápida, com abreviaturas e emoções para substituir a linguagem corporal da comunicação face-a-face;
  • partilhar sentimentos, emoções e detalhes da vida íntima (blogs) e também informação - Moblogging (moblie-blogging) é um fenómeno pelo qual as pessoas introduzem dados no seu blog a partir dos telemóveis- "Partilhar conhecimento é poder";
  • comprar e vender - ebay;
  • trocar e coleccionar canções, filmes, humor, websites, especialmente itens que expressam a sua personalidade;
  • criar- revelam uma enorme apetência para a criação de avatares, mundos inteiros, etc... têm ferramentas disponíveis e sabem ou procuram saber como usá-las;
  • marcar encontros e encontrarem-se- 3D salas de chat - marca social desta geração; online a pessoa é julgada apenas pelo que diz e produz; a reputação e influência é conquistada (socializam e são socializados);
  • pesquisar- informação, pessoas, relações; é o segundo maior uso da internet depois do email; preferem informação em bruto, que sabem filtrar e discriminar bem;
  • programar;
  • avaliar - sistemas de reputação - Epinions, Amazon, Slashdot;
  • jogar - quase todos os jogos são de multi-jogadores e proporcionam experiências profundas e complexas, levando de 30 a 100 horas para terminar;
  • coordenar projectos, trabalhos de grupo , MMORPGs- nos "Massive Multiplayer Online Role Playing Games" os jogadores formam grupos, ad-hoc ou de forma permanente; alguns são clãs, em que os jogadores têm de provar a sua habilidade para se juntarem;
  • aprender - quando um estudante está motivado tem as ferramentas online disponíveis para ir mais longe na sua aprendizagem do qua alguma vez foi;
  • explorar - online é um dos sítios chave a somar à escola, casa, locais de encontro onde crescem; como todos os jovens, exploram, transgridem, testam os limites em cada espaço.

Todos os elementos da vida do nativo digital estão inter-relacionados: os chats têm um papel importante nos jogos, por exemplo.

Prensky (2004) The Emerging Online Life of the Digital Native: What they do differently because of technology, and how they do it

sexta-feira, 12 de março de 2010

Expectativas e Objectivos

- Identificar tipos de utilização dos media digitais por parte das gerações mais jovens;
- Analisar formas de interacção social emergentes da utilização destes media;
- Discutir o papel da utilização dos media digitais ao nível do desenvolvimento pessoal e dos processos de socialização de crianças e adolescentes.

Parto para esta disciplina com boas expectativas mas com uma questão que coloco a mim mesma. O meu público-alvo é formado maioritariamente por adultos entre os 25 e os 35 anos de idade. Até que ponto vou integrar as aprendizagens no meu dia-a-dia profissional? A resposta veio hoje ao meu encontro. Ao abrir a plataforma do moodle do CNED (Centro Naval de Ensino a Distância) sou confrontada com inúmeras mensagens de alunos que estão no Kosovo e querem inscrever-se na disciplina de Português, procuram materiais interactivos e/ou pretendem apoio tutorial. São jovens adultos, na casa dos vinte um anos de idade ou menos. Sinto-me a reboque desta geração de nativos digitais, eu uma "pobre" imigrante digital!